Crédito da foto: "Catedral de Petrópolis" by Rodrigo_Soldon, adquirida no banco de imagens gratuitas Openverse
Existe um lugar que é muito especial pra mim. Eu o conheci há poucos anos, mas percebi quando vi que o procurava e nem sabia! Esse lugar se chama Petrópolis. É uma cidadezinha escondida ali na serra carioca, com muito verde e porções urbanas quebradas, mas que é linda demais! É como um lugar mágico, feito de uma energia natural e pura, distante da coisa moderna e industrializada. É sagrada!
As suas ruas e casas são construídas de pó literário. Essa era a cidade de verão do D. Pedro I e do D. Pedro II. A Família Real a criou para ser imperial onde isso não combina. Mesmo com todos os abusos, eles têm alguma importância para mim: eu sou ex-petrossecundense! Fiz meu Ensino Médio lá. Assim, na perspectiva de quem o plano vê, Petrópolis é um lugar feito com muito amor!
Eu não sei se os escritores clássicos foram lá com frequência. Não sei tudo o que fizeram. Apesar disso, deixaram sua marca na cidade: eu conseguia sentir seus fantasmas reunidos na noite congelante! Sussurravam uma língua literária distante que me vinha do chão de pedra, dos prédios e da ponte sobre o rio Quitandinha. A cada toque nesses lugares, via que minha escrita havia encontrado sua morada…! Pelo visto, o berço da literatura é alemão.
O brilho das luzes me atraía. Eram sinais desses falecidos poetas. Eles me chamavam nos cantinhos para um mundo unicamente nosso. A arquitetura alemã denunciava os antigos colonos e exibia suas trouxas e gestos. Atualmente, eles não passam de nomes de ruas e edifícios. Os bancos e escolas também! São os mais chiques que já vi na vida!
Na Avenida Koeler, podemos ver bem esse tempo parado, que culmina no Relógio das Flores onde a vida está no século XIX. As pessoas vêm e vão, mas o relógio para os anos e nunca se deixa influenciar… Sabe a beleza e a importância das rosas azuis que resistem por lá!
Santos Dumont fez uma casa de verão na cidade. Mesmo mineiro, ele reconheceu a magnificência de Petrópolis! Fez sua casinha para que a cidade voe e nunca desista da essência de boneca que tem…! Em meio a tanta coisa que poderia pesá-la, ela segue pacífica e serena com o seu amor de poesia a cantar…
O Rio de Janeiro oitocentista tinha a Rua do Ouvidor. Era a relíquia das páginas cuja pena a deixou para os amantes de literatura. Tempos depois, a Cidade Imperial ganhou sua versão: nos anos 1950, a rua Teresa avivava as modas e ainda o faz hoje apesar de tudo estar tão diferente…
Queria tanto me casar na Catedral São Pedro de Alcântara…! Ela é cinza e enorme como se entrássemos em Notre Dame. E, entre aquele azul real, uma princesa clama por seu príncipe encantado… Se olharmos de perto, poderemos ver seu vulto rondando pelo castelo e pedindo por liberdade… A vida injusta a prendeu por bruxaria, mas não destruiu seu ânimo e beleza, que esperam ansiosamente pelo momento em que outros lhe terão alguma misericórdia…
Ao lado, temos o Museu Imperial. Lá está guardado, oficialmente, todo o mandatório pretérito do país, cheio de fardas e leis… Os títulos soavam daqui ao outro extremo do Brasil! Lembro-me de um teatro que vi com a Princesa Isabel e suas amigas. Elas discutiam as últimas fofocas do reino e liam Castro Alves, se não me falha a memória, enquanto exerciam com verdade aqueles costumes da minha linguagem…
O Palácio de Cristal parece vazio, mas possui seus passados nas paredes e num episódio de violência que ouvi…! Entretanto, a melhor coisa dele é que foi um presente de um marido para sua esposa… Estou mais próxima dele do que imaginei e conheço bem o sentimento que o moveu a esse lindo gesto…! Queria dar-lhe o que havia de mais raro no mundo, tal qual o amor que sentia… é o romance que, hoje em dia, só se conhece como lenda…
Ir a Petrópolis é cuidar de mim…! é ver a minha alma em forma de cidade como se eles soubessem que eu iria nascer… Em torno de todo o urbano que eu via na Baía, existia um lugar que era a esperança para a minha veia literária, que sabia que ela, um dia, será grande coisa…! É prova viva de que, em meio a esse caos, eu vou conseguir voltar a viver e serei mais do que retalhos de uma história contada por outros antes de mim…
Junho/2022
Gosto de Petrópolis. Mas vê-la sob seu olhar, ganhou outras cores. Me senti passeando por lá. Fui outro dia, e me dei ao luxo de visitar o Museu Imperial. E me peguei imaginando como era a vida no passado... creio que as pessoas da época iriam se sentir "em casa" lendo essas suas linhas... 😉