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A escola

Atualizado: 15 de ago.

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Sentado no ponto de ônibus,

Observou sua terra santa,

Talhada de suor e orgulho,

Cujo âmago desencanta.

 

Dias de ouro, lágrima e riso

(Infinito império inciso);

Ilusão atrás de um sonhar

Que desdenha do mal acabar!

 

Diversos ataques e brigas

(“Professor quer manipular!”);

Numa grande guerra política,

Os filhos a sacrificar.

 

O fantasma do corpo vivo

Desconhecia feita cantiga;

Em atos nessa rua antiga,

Se esquecia o seu ego ativo…

 

Hoje, ressurge dessa carne

Um trabalhador responsável

Com mais de um grito entalado;

A mania lhe era dispensável!

 

Corroído poema escrito

(Cujo naco ficou constrito

Dentro da alma que virou pó)

Por um deus de gênero só!

 

Ao mundo, embala e descansa;

Não envelhece como à alma,

Amargurada com o espinho

Que, à vontade sincera, acalma…

 

Todavia, ao se aproximar,

Uma nota sentida viu

De um entre-mundo que surgiu

Dessa sina nele a queimar…

 

Ele não era lá nem cá,

Nem menino, sequer rapaz:

Era o átimo de um segredo

Pra que o verbo é ineficaz!

 

Nuances de um qual limiar

Que se abre em um momento;

Grande universo de um intento;

Ferida pergunta a chamar!

 

Vasculhou, assim, o ensejo

Da capciosa versão;

Quis conhecer aquela espera

Imersa na escuridão.

 

Ela era ponte pr’ um mundo

Que passava em um segundo,

Não almejando forma seca

A cargo de fina destreza.

 

Um estado sem nome ou corpo,

Nenhum contrato ou aliança,

Sequer algum espaço-tempo:

Só uma perfeita lembrança…

 

Disposição de um existir

Que não era, é nem será,

Quais sentidos afrontará

Desse rapaz que está por vir…

 

Irmã desse nome disperso

— Por tantos anos esquecido —,

Afogado em demandas outras,

Nobre diamante escondido,

 

Que não vai se mostrar tão simples

E perder a honra em uma crise,

Pois a escola tem sagaz charme

Que apenas do porvir é arte.

 

        Junho/2023


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